quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Súplicas à memória e ao esquecimento

Eu não quero nem lembrar
Quero esquecer-me de tudo
Que apaga meu sorriso pela raiz
Quero esquecer o medo o tédio
A dor a angustia e a culpa
Quero esquecer-me do que não
Seja duradouro e eterno e infinito
Quero esquecer o mais depressa
Os últimos receios além do teto
Do céu do espaço e do universo
Quero esquecer tudo que sangra
Quero me lembrar com urgência
Que estou vivo nessa sexta-feira
Quero mais do que tudo me lembrar
Que a luz do sol existe sobre as coisas
E a beleza eterna e infinita das coisas
Não duram muito tempo.

Fabiano Silmes

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Concretude do Antes

ontem quando olhei destraído pela janela
julguei que havia visto sem mais nem menos
uma flor morrendo em meio aos escombros.

ah que visão triste vista por meus olhos embaçados
ela ali tão pura e perdida qual um objeto descartado
de repente senti a pena que consome os pecadores
que agonizam como se fossem santos martirizados.

ontem chorei tanto quando olhei pela janela
de onde julguei ter visto algo puro agonizando
qual uma flor despedaçada .

ontem se bem me lembro quando olhei da janela
pensei comigo e com mais nada:
a vida é uma doce ilusão que acaba.


Fabiano Silmes

domingo, 25 de abril de 2010

O mais são cinzas

A esperança está morta
Vejo em campos decepados
Os últimos pedaços espalhados.

Os sonhos se perderam
Lágrimas e olhos vermelhos
O horizonte foi sepultado
E o vazio se espalhou por tudo.

A inocência está morta
O amanhã está morto
Deus está morto

Minha voz é um eco.


Fabiano Silmes